segunda-feira, 19 de julho de 2010

Raul e Eu

Eu devia estar contente
Porque eu sou universitária
Sou uma dita garota de sorte
E que recebe uma mesada básica
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida, passei no vestibular
Eu devia estar feliz
Porque ganhei do meus pais
Um Classic 2007.
Eu devia estar alegre
E satisfeita
Por morar em São Luis
Depois de ter passado
Toda minha infancia
Em uma cidade “maravilhosa”
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhosa
Por ter finalmente ganhado um apartamento
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhada
Que eu estou decepcionada...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aqui parada...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra sair com a família
Sair com meus amigos
Ir no parquinho com minha sobrinha...
Ah!
Mas que garota chata sou eu
Que não acha nada engraçado
Faculdade, praia, carro
Apartamento, baladas
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Uma grandessíssima idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é uma boa filha, boa menina
O exemplo da família
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
Ainda consigo acreditar
Em uma luz pro fim do túnel
Um força que me diz “ Vá em frente Tássia, nem tudo acabou”


(Adaptação da música Ouro de tolo, de Raul Seixas)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O Menestrel

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.

Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.

E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…

E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.

E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…

Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.

Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.

Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…

Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…

Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.

Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

(William Shakespeare)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Um estranho "eu"

Quando esqueço a hora de dormir
E de repente chega o amanhecer
Sinto a culpa que eu não sei de que
Pergunto o que que eu fiz?
Meu coração não diz e eu...
Eu sinto medo!
Eu sinto medo!

Se eu vejo um papel qualquer no chão
Tremo, corro e apanho pra esconder
Com medo de ter sido uma anotação que eu fiz
Que não se possa ler
E eu gosto de escrever, mas...
Mas eu sinto medo!
Eu sinto medo!

Tinha tanto medo de sair da cama à noite pro banheiro
Medo de saber que não estava ali sozinho porque sempre...
Sempre... sempre...
Eu estava com Deus!
Eu estava com Deus!
Eu estava com Deus!
Eu tava sempre com Deus!

Minha mãe me disse há tempo atrás
Onde você for Deus vai atrás
Deus vê sempre tudo que cê faz
Mas eu não via Deus
Achava assombração, mas...
Mas eu tinha medo!
Eu tinha medo![...]


(Paranóia, Raul Seixas)

Será "paranóia" mesmo da minha cabeça?

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Do outro lado.

"Há sempre uma pequena porcentagem de inimaginável... Ao se ver uma mulher vestida, pode-se evidentemente imaginar mais ou menos como seria ela nua, mas entre a aproximação da idéia e a precisão da realidade subsiste uma pequena lacuna de inimaginável... E a busca do inimaginável não termina com a descoberta da nudez, mas vai além dela... A unicidade do 'eu' se esconde exatamente no que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar o que é idêntico a todos os seres, o que lhes é comum. O 'eu' individual é o que se distingue do geral, portanto o que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, o que precisa ser desvendado, descoberto, conquistado no outro."

Milan Kundera, em 'A Insustentável Leveza do Ser'

terça-feira, 22 de junho de 2010

Margaritas

Eu descobri que a felicidade está nas pequenas coisas da vida. Nas coisas mais simples, mais pequenas, que você pode alcançar no dia-a-dia. Tomar “a de canela” no Batista com minhas amigas, lanchar no Sousa depois de um dia cheio, ler um livro bom e se e interessar pela história e se envolver com o personagem, ir num pub com os amigos e tomar uma tequila, fugir no meio da noite com uma pessoa que você nem esperava, ter uma pessoa que mesmo longe se importa com você e se interessa pelo que você pensa, rir na hora do desespero na faculdade, ou rir, apenas rir. Como cantou Herbet Viana, tudo isso me faria feliz, absurdos me fariam feliz.
Um dia uma pessoa me falou que nós deveríamos ter pequenos grandes sonhos na vida. E eu tenho pequenos sonhos, vários pequenos sonhos, que eu realizo diariamente. E as pessoas nem percebem, as vezes nem eu mesmo percebo. Claro, eu tenho sonhos grandes. Tenho objetivos na minha vida. Mas não dependo única e exclusivamente deles pra viver, pra ser feliz. Penso no meu futuro como qualquer outra pessoa, mas não vivo em função dele. Eu vivo o agora, o hoje. O amanhã... Pra quê? Ainda temos tempo.
É por saber e crer na efemeridade da vida, que eu cada vez mais faço dos meus sonhos coisas simples, coisas tangíveis, pra que eu possa realizá-los, e não ser uma pessoa frustrada por não conseguir. Cada dia é único se você viver as oportunidades que esse dia te proporciona. Se eu rio? Muito! Se eu choro? Não consigo. Eu me divirto? Desesperadamente! Me decepciono? Faz parte. Eu sou feliz? Ah, isso sim... Demasiadamente, eu sou feliz.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Liberte-se!

"...Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy,
'Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets,
While we stand aside and look
Huh, some say it's just a part of it:
We've got to ful fill the Book

Won't you help to sing,
These songs of freedom?
'Cause all I ever have:
Redemption songs,

Redemption songs,

Redemption songs!..."


(Redemption songs - Bob Marley)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Superego Monalisa

Eu queria desabafar agora o que eu estou sentindo, mas a verdade é que nem eu sei traduzir o que isso significa. Sinto-me tomada de uma angústia, ao mesmo tempo em que não vejo nada com o que me preocupar. Sou tomada por um acesso de desespero, de tristeza, sem motivo aparente, sem ter por quê. Depois me sinto feliz, depois estou feliz, logo depois, não estou mais. Inconstância. Acho eu, que essa palavra traduziria muita coisa. Uma incógnita. Talvez essa traduziria melhor. Não sei! O fato é que saber lidar com situações assim é difícil, ajudar as pessoas pra mim é sempre mais fácil. E quando sou em quem precisa de ajuda, quem pode me ajudar? Tenso. Eu reflito sobre o assunto e chego à conclusão que isso é acumulo de uma série de fatores. Botar pra fora, desabafar... Pra quê? Pra que os outros saibam que você tem problemas, mesmo sabendo que ninguém vai resolver? Não, obrigada. Eu prefiro encará-los de frente, sozinha, uma hora eu consigo. “A verdade é que sou intensa demais e não há quem dê jeito nisso. Sofro dores que não são minhas. Vibro com alegrias que não me pertencem. O bom de tudo é que, toda noite antes de dormir, eu rezo. E sempre sorrio (mesmo quando estou triste).” Eu visto uma capa, e ela me protege, mesmo que ludicamente. Ninguém sabe o que se passa na minha cabeça, o que há por traz do meu sorriso, do meu olhar. Não se preocupem, nem eu mesmo sei. Usando agora as palavras de Clarice, a única coisa que sei é que eu vivo. Sinceramente, eu vivo. Sinto em mim, que falta alguma coisa, uma coisa que eu não sei o que é, mas enquanto eu não acho, eu vivo arduamente em função de encontrá-la. É assim que se faz uma pessoa, é assim que as pessoas crescem, vivendo intensamente cada momento, de dor, alegria, tristeza, decepção, euforia, emoção, mágoas, lamentos, felicidades, amores. “Faz parte do meu show, faz parte do meu show, meu amor...”